quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

feliz 2010!

Direto de Florianópolis, meus desejos de um 2010 maravilhoso para todos os leitores e amigos do Poema Lunar. Que muitas novas palavras passem por aqui nesse novo ano!

Agora vou ali pegar um ônibus para pular as sete ondas na Praia da Barra da Lagoa, onde estava hospedada antes, porque essa Praia dos Ingleses não tá com nada, não. Gente demais, gente maltratando a natureza, jogando uma pancada de lixo na praia, esgoto dos hotéis chiques jogado no rio que deságua no mar, consumismo all the time, lojinhas, lojinhas, passeios-farofa pra turistas, gente sem educação...enfim, tudo o que eu não quero para 2010! 


Vou pular ondinhas pela primeira vez, que é pra trazer tudo de bom para o novo ano. Viva o mar! Se eu abandonar a vida de jornalista na capital e resolver morar na beira da praia, não se espantem. Essa energia faz bem demais! Se a gente bem soubesse, não se desconectaria dela nunca!

Salve 2010! Que o ano novo seja de reinvenções. Saravá!


Ano que vem eu trago boas novas

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

olha a sincronicidade aí, gente!


Antes eu tinha medo do twitter, porque o Ricardo Eletro começou a me seguir depois d´eu ter desabafado sobre um problema na entrega da minha geladeira.

Agora também tenho medo do Facebook. A-c-a-b-e-i de publicar o texto anterior e resolvi passar o tempo lá um pouquinho, antes de mergulhar na dissertação. Aí vi um desses testes que uma amiga havia feito, desses que o resultado aparece pra gente. O teste era: "o que você foi em vidas passadas?". Bom, ela havia sido uma filósofa grega, daí eu me empolguei com a veracidade do negócio e fui fazer também. Descobri que eu fui uma ostra. Medo. Mas a sincronicidade não parou aí. Sintam só a descrição de minha vida passada enquanto ostra:


uma ostra
Com sua restrição no campo do pensamento e também corporal, ter nascido humano é um grande passo. O sentimento de felicidade sem um motivo claro, a simples alegria de viver advém desta liberdade adquirida. Por outro lado, a forte influência dos outros sobre suas decisões, a incertitude em relação aos relacionamentos e a confusão sobre o rumo certo a se tomar são ainda resquícios da vida aquática e influência das marés. Ser humano é uma nova aventura. Experimente e descubra; sua jornada está apenas começando!


Psicologizando um pouco...

Aconteceu uma coisa engraçada comigo na volta de Porto Alegre. Bom, não falei aqui o motivo da minha passagem por lá: fui apresentar um artigo no congresso "Comunicação e Imaginário", na PUCRS, que contou com a presença mais do que especial de Michel Maffesoli. O fato é que eu tive que falar em público e quem me conhece sabe que eu tenho uma série de ziquiziras emocionais quando sou, digamos, o centro das atenções. Na semana anterior ao congresso, eu havia dado uma aula na graduação, substituindo um colega do mestrado. Okêi, passei semanas sofrendo por antecedência. Aí veio o congresso. E o coração disparou de novo, a pressão caiu, deu amnésia, sensação de desmaio...o pacote completo again, mas eu bravamente enfrentei o leão e apresentei e sobrevivi.

Além dessa situação, eu me senti um tanto incitada a falar durante toda a viagem. Explico: eu estava com uma grande amiga do mestrado, a Beta, que gosta muito do calor do debate, da troca de idéias olho no olho, da imagem de "lançar-se", "projetar-se no mundo". Eu quero ser a Beta quando eu crescer. E outras pessoas que já encontrei na vida, que carregam essa mesma soltura.

Mas eu ainda estou aqui, juntando minhas imperfeições. Por enquanto, ainda faço como a Clarice Lispector tão bem desenhou de si: eu costuro pra dentro. Isso me traz uma série de problemas, mas eu só entendo o mundo como entendo por conta disso, então acho que também deve ter sua beleza. O recolhimento deve ter sua beleza. Eu só escrevo porque observo. E observo no meu silêncio, no meu andar às vezes apressado que não é sinônimo de falta de afago do olhar, no tempo interior que é diferente do tempo dos passos, até nos meus braços cruzados que protegem o peito dos abismos.

Eu sou irremediavelmente atraída pelos abismos - vejam, meu mestrado é até sobre isso, na essência. Mas ainda não é simples para mim chegar até lá, tirar o pé que ainda se firma na margem. Por ainda ser um mistério, ainda me mobiliza tanto. É aí que está a beleza da jornada, creio eu. Se tudo estivesse pronto, dado, não haveria o caminho. Eu estou caminhando, conduzida em uma mão pelo desejo de não me fechar tanto e, na outra, pela solidão absolutamente necessária.

Aonde eu queria chegar com tudo isso? É que, de tanto falar e não encontrar espaço para o meu silêncio, eu cheguei a Brasília sem voz. Rouca. Um fiapo de voz tentando se reconfigurar.

A explicação racional, se buscarmos, certamente será o ar condicionado do avião, que me fez ter que tomar um Desalex básico ao chegar em casa. Não tem jeito, sempre acham que sou uma potencial hospedeira do H1N1 nessas crises de rinite. Pode ser o avião. Mas prefiro sempre a dangerosíssima viagem de si a si mesmo, agora no contato com o outro.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Primeiras impressões sobre Porto Alegre

Cheguei ontem a Porto Alegre.  Do aeroporto, peguei um taxi e vim direto para o hotel, aqui na cidade baixa. Como estava morrendo de fome, resolvi caminhas nas redondezas em busca de um lugar para comer às 15h. Bom, a primeira tentativa foi um tal de Bar do Beto, aqui na esquina perto do hotel. Simpática, pedi licença ao garçom e perguntei se havia opções de lanches também ou apenas pratões que servem várias pessoas. Só d' eu falar "licença" e segurar seu ombro, o sujeito já me olhou com a cara mais feia do mundo. Disse toscamente que tinha lanches também. Procurei uma mesa e, como ninguém me atendeu em 10 minutos, resolvi ir embora. Fui caminhando até o Parque Farroupilha, onde começou verdadeiramente minha saga. Vou contá-la em pequenas pílulas:

§ Logo na entrada do parque, achei um café simpático no lago dos pedalinhos. Resolvi almoçar por ali, no deck. Pedi um waffle de palmito gratinado achando a coisa mais diferente do mundo. Na verdade, é como se fosse uma pizza, com a massa de waffle, com mais queijo do que palmito. Overdose de lactose na veia logo na chegada, continuei a caminhada pelo parque, achando que seria amena.

§ Perguntei a um casal pra que lado ficava a "feirinha". Eles me olharam com cara de interrogação, viraram um para o outro: "feirinha? tu sabes onde fica isso? ela deve estar querendo falar do bric, né?". Bom, eu disse que sim, que devia ser, lembrei de ter ouvido minha amiga gaúcha, a beta, pronunciar essa palavra. E lá fui caminhando rumo ao bric do parque.

§ A gente se acostuma a achar que, em Porto Alegre, sempre faz frio. Mas o calor aqui está pior que o de Brasília! Fui ao parque com a roupa que usei na viagem: calça jeans, tênis e blusa preta de manga curta. Okêi. Até achar o tal do bric, acho que andei umas 2 horas com sol na moleira (tá, eu me perdi algumas vezes, vim e voltei, isso aumentou o percurso!). Resultado: lá pelas tantas eu já estava com sensação de desmaio, doida por uma água e por uma sombra. 

§ Na metade do percurso, vi uns adolescentes roqueiros (muitos!) deitados na grama, tomando vinho e tocando violão. Pensei: isso deve ser o bric, sei lá, o bric deve ser o bafão do parque!! Aí me empolguei e fui subindo na direção dos roqueiros. Essa parte do parque é como se fosse uma mistura de Pátio Brasil, Esplanada dos Ministérios à noite e Avenida Paulista. Sério, é muito surreal: no meio do parque, do nada, surge um reduto gótico/grunge/indie/sei lá. Muitas meninas de cabelo azul (será influência daquela moça da MTV, a Mari Moon?); muitos ray ban wayfarer daqueles de armação colorida, bem anos 80; muitas franjas e cabelos repicados com mullets (proximidade com a Argentina?); muita gente de sobretudo num calor de matar. E nenhum hippie!! Eu não vi nenhum hippie no parque! Não é surreal?

§ Bom, depois de andar uns 15 minutos na passarela dos roqueiros, resolvi perguntar para a moça da água de coco se aquele "movimento" era o bric. Ela riu e me disse que não, que eu devia andar na direção oposta (a mesma de onde eu vim) até ver umas barraquinhas. Okêi, obstinação, vamos lá. Andei até as tais barraquinhas e, pra minha surpresa, trata-se de uma avenida inteira lotaaaada de barracas. Nada que você aparentemente possa ver em pouco tempo. A essa altura, eu já devia estar desidratando. Maldisse a hora em que pedi o tal waffle de palmito carregado de queijo e  sentei num banquinho. Respirei fundo e resolvi voltar. Sem ver mais de 10 minutos de bric e sem comprar nada.

§ Aliás, voltei pensando: por que diabos os gaúchos chamam feirinha de bric? Acho uma palavra bonitinha, lúdica, me lembra bric-a-brac, me lembra flicts, sei lá. Mas qual o sentido? Será que vem de bricolage, porque as banquinhas vendem as coisas mais diversas desse mundo? Eu, heim. Ainda estou sendo iniciada aos mistérios de Porto Alegre. Daqui a pouco as coisas começam a fazer sentido.

§ Voltei para o hotel com os braços queimados de sol, ardendo, coçando, tudo. Isso é para eu aprender a passar protetor solar não só no rosto. Tomei um banho gelado, me bateu uma moleza louca e eu resolvi deitar "um pouquinho". Isso por volta das 17h30.  Acordei às 23h30, com o estômago roncando e meio grogue. Comi uma barrinha de Alpino que tinha na bolsa, vi um pouco de TV, li um pouco e chapei outra vez, lá pra 1h. Pra minha surpresa, acordei somente às 8h! Acho que nunca dormi tanto em toda a minha vida. Hibernar é pouco pra esse fenômeno. Mistérios de POA...

§ Hoje é feriado, Dia de Finados, e a cidade baixa está deserta. Daqui a pouco vou almoçar com Matias e  Nunu, que também estão por aqui. Que venham novos segredos e que a cidade me surpreenda, amém.



sábado, 24 de outubro de 2009

reinvenção do videoclipe II

Fire on Babylon, da Sinead O' Connor, foi dirigido pelo Michel Gondry, aquele que fez também clipes memoráveis da Björk, como Army of me, Human Behaviour, Isobel e Hyperballad. Eu sou suspeita, porque adoro a Björk e adoro o Gondry. O encontro dos dois não poderia ser mais interessante! Bom, depois coloco aqui algum clipe da Björk. Agora o foco é pra Sinead O'Connor no ambiente onírico e surreal construído por Gondry. Mistura de uma atmosfera Amélie Poulain com uma canção nada fofinha, consegue ser doce e porrada ao mesmo tempo, assim como a voz de Sinead.

Ah, sim: No cinema, Gondry também dirigiu Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças e The Science of Sleep, maravilhosos!


reinvenção do videoclipe

No livro A televisão levada a sério, Arlindo Machado aborda diversos temas interessantes pra pensarmos as possibilidades de linguagem da TV. Uma delas é o videoclip. Ele cita alguns clipes que romperam com aquela idéia de que o video deveria apenas promover a música, quase uma ilustração, e alçaram o videoclipe a outras possibilidades muito mais inventivas.

Ao longo da leitura, vou compartilhando com vocês alguns dos exemplos citados por Machado como cliples inventivos. O primeiro é Blue Monday, de 1988, que o videoartista William Wegman fez para o New Order:




quinta-feira, 8 de outubro de 2009

dos planos de saúde que te deixam na mão

Estou aqui digitando com uma mão só, numa crise danada de tendinite, só porque preciso manifestar minha indignação com meu plano de saúde. ô saudades dos tempos em que eu era dependente do plano da minha mãe...era feliz e não sabia! Desde que passei no concurso do ministério e passei a pagar meu próprio plano (com um pequeno reembolso), minha vida virou um caos. Vou logo dar nome aos bois: Golden Cross Essencial, pelo visto a categoria mais ralé que tem. Sim, porque eu tenho 25 anos e quase não adoeço, então não vi motivos para pagar caríssimo por uma mega ultra cobertura. Tirando o reembolso, devo pagar uns R$ 100 por mês por essa tranqueira que teoricamente dá direito a atendimento e quarto em caso de internação. Acontece que eu fico na mão sempre que preciso, e olha que eu só uso pra coisas básicas tipo tendinite-emergência de hospital-consultas de rotina.

Hoje passei por uma situação cômica, ou trágica, dependendo do humor. O quase-único-ortopedista-que-aceitava-o-plano pediu uma ecografia dos punhos e antebraços. Cheguei ao local do exame e, depois de uma hora de lenga-lenga, a moça veio com o recado: "seu convênio só autoriza uma eco de cada lado. Escolhe aí qual você vai querer fazer". Ahm? Como assim, "escolhe aí"? Liguei na Golden e perguntei o motivo de negarem o pedido médico.  Eles argumentaram que não havia necessidade e que eu teria mesmo que optar. Okêi, então pra que diabos o médico que me examinou pediu uma ecografia de cada braço, pacote completo?

Comecei a rir e perguntei se eu devia fazer um "mamãe mandou eu escolher esse daqui!"...

Enfim, escolhi o punho esquerdo e o antebraço direito, guiada pela dor mesmo e na esperança de convencer a médica a "ecografar" tudo na camaradagem. Ainda bem que eu sou boa de lábia e deu tudo certo. A doutora achou surreal a situação de me mandaram escolher, mas disse que isso está se tornando comum. Uma senhora que havia sido atendida por ela pouco antes também teve que optar entre as duas ecografias solicitadas pelo médico. é mole? Eles agora estão nessa de não autorizar exames, dizendo que não é necessário. Um bando de burocratas querendo ser médicos. Pura ganância, desrespeito, nem sei o que dizer. Deve haver mil relações de interesse envolvidas, esquemas que eu desconheço mesmo. Mas o fato é que eu sempre sou prejudicada nas raras vezes em que preciso, sendo que pago por essa porcaria todo mês - mesmo sem usar. Como diz um poema do Nicolas: gritar não vale, morrer não adianta. 

Sessão do descarrego concluída, agora vou desconectar porque meu único braço que trabalha já pediu trégua por hoje. Boa noite!

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

análise da imagem



Li hoje uma matéria no jornal online Extra, em que a Fernanda Torres admite ter usado cocaína por muitos anos, e confesso que ainda não digeri muito bem. O que me chamou a atenção não foi o fato dela abrir a lombra pra geral, mas sim a foto bizarra que ilustra a matéria. Alguém por favor me explica o que é a atriz rindo e fazendo pose enquanto um morador de rua está caído logo atrás dela? Isso foi proposital ou o fotógrafo não olhou ao redor? Qual a construção de sentido por trás dessa imagem? Não acredito na hipótese de o fotógrafo não ter reparado, porque enquadrar é escolher significados, informações, recortar a realidade. Que recorte, esse? Se a idéia era passar uma naturalidade, do tipo "as coisas estão no mundo", achei de péssimo gosto.
Se o link não funcionar, aqui vai a matéria:


Fernanda Torres revela que usou drogas durante anos

Fernanda Torres deu uma entrevista reveladora à revista “IstoÉ” desta semana ao falar abertamente sobre drogas. A atriz disse que usou substâncias proibidas durante anos, em especial a cocaína, que considera “o pior demônio”. “Comecei com a maconha e fui até o pó”. Fernanda escreveu a peça “Deus é química” em que trata do assunto. Hoje, felizmente, ela diz não usar mais drogas. “Parei. Faz um bom tempo. Acho que o que me bateu mais foi a saúde. Quando se é novo, queremos experimentar morrer. Quando olho para trás, penso: ‘Nossa, eu corri tantos riscos de morte na minha juventude’”. Fernanda diz que nunca subiu uma favela para comprar cocaína, mas seus pais sabiam que ela era uma usuária. “Meus pais sabiam de tudo: eles não deixavam usar drogas em casa. Sabiam que eu usava. Mas não se falava sobre isso, não se tocava no assunto. Eles eram uma espécie de freio mental.”

urbana legio omnia vincit!

Ontem foi um dia de pura nostalgia para mim, com a aparição "surpresa" da Legião Urbana no Porão do Rock. Surpresa entre aspas porque todo mundo já sabia que eles apareceriam. Há semanas corriam os boatos de que o Toni Plantão cantaria no lugar do Renato Russo, mas foi melhor ainda! Pensem num show com Dado, Bonfá e vários vocalistas "amigos" da Legião se revezando...ai ai! :) Bom demais!

O show começou meio sem alarde, com umas entrevistas de Dado, Bonfá e RR sendo exibidas no telão, assim como quem não quer nada, sem ninguém anunciar nada. De repente, depois de Renato Russo mandar um "A verdadeira Legião Urbana são vocês", começa Tempo Perdido. Eu, que já fui esperando pelo show, fiquei meio sem acreditar que era de verdade. Completamente surreal ver todo mundo cantando junto, de coração, músicas que ficaram tão lá na minha (na nossa) adolescência. Inevitável ficar com um nó na garganta, choro contido...é realmente emocionante ver como as músicas da Legião ainda tocam!

Eu, baixinha, não consegui enxergar lá muito do que se passava no palco. O ápice foi quando o Igor me colocou nos ombros, bem na hora de Eu Sei e Pais e Filhos. Bom demais ver aquela multidão toda cantando junto. Nostálgico, enérgico...pulei que nem uma macaca, fiz as dancinhas punks dos tempos de carnarock com o Lan e o Reginaldo, parecíamos três adolescentes doidões.

Em um segundo, todas as lembranças chegaram: passar o recreio cantando Legião no fundo da sala de aula, rodinhas de violão, escrever "força sempre" de liquid paper na mochila, achar que o Renato Russo tinha traduzido o que minha incomunicabilidade não me deixava traduzir, camiseta da Legião, ICQ até tarde falando de música, ir até Caldas Novas para ver os Paralamas tocarem (super groupie!), deitar no pilotis do prédio onde o Renato Russo morou e sentir que estava me conectando com o cosmos, fazer o percurso das locações das músicas, pesquisar os códigos cifrados, as referências por trás das letras...tanta coisa, tantas memórias vindo ao mesmo tempo que foi impossível não ficar emocionada.

Eu andava me sentido sem energia nos últimos tempos, mas esse show me reconectou com coisas que me deixam deveras feliz. Para não esquecer. Quando a vida fizer cara feia pra você, dance um punk rock com ela, faça suas próprias colagens de memórias boas. Garanto que melhora!

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

presente é quando o acaso empurra um livro vermelho da estante


Há muito tempo quero deixar aqui um elogio ao livro Mania de Explicação, da Adriana Falcão. Comprei no começo do ano, quando estava passeando pela estante de livros infantis na Livraria Cultura em busca de um presente para a minha afilhada. Comprei um livro de princesa para ela e a poesia da Adriana Falcão para mim.

Eu já gostava muito da Adriana desde que li o Luna Clara e Apolo Onze numa sentada só. O livro é uma delícia, lindo, delicado, cheio de histórias e detalhes que só ela consegue pensar. Com o Mania de Explicação não é diferente: ela vai definindo os sentimentos de maneira lúdica e poética, pela voz de uma menina que tinha mania de explicar todas as coisas - "essa menina pensa que é filósofa, as pessoas diziam".

Aí, pelos olhos da menina que buscava uma explicação para cada coisa, ela vai explicando:

- Dedicatória é quando todo o amor do mundo resolve se exibir numa só frase;
- Irritação é um alarme de carro que dispara bem no meio do seu peito;
- Solidão é uma ilha com saudade de barco (essa, a minha favorita!);
- Saudade é quando o momento tenta fugir da lembrança pra acontecer de novo e não consegue;
- Pouco é menos da metade. Muito é quando os dedos da mão não são suficientes;
- Desespero são dez milhões de fogareiros acesos dentro da sua cabeça;
- Angústia é um nó muito apertado bem no meio do seu sossego;
- Preocupação é uma cola que não deixa o que não aconteceu ainda sair do seu pensamento;
- Sucesso é quando você faz o que same fazer só que todo mundo percebe;
- Antes é uma lagarta que ainda não virou borboleta
- Ansiedade é quando faltam cinco minutos sempre para o que quer que seja.
- Alegria é um bloco de carnaval que não liga se não é fevereiro (também adoro!)

- Amor é...bom, aí vocês vão ter que ler o livro para ver o que a menina que gostava de ficar pensando pensamentos concluiu sobre o amor!

Leitura-nuvem, cócegas, um carinho. Ler a Adriana Falcão é sempre uma delícia! Ah, sem falar nos episódios que ela escreve para a Grande Família. Morro de rir com a Nenê, alter-ego assumido da Adriana, super mãezona, cheia de perfeccionismos, ansiedades, coração. Um dia quero ser que nem a Adriana Falcão: espalhar palavras por aí, seja no teatro, tv, cinema ou estantes de livros infantis...

Ah, sim: esqueci de dizer que as ilustrações do livro, da Mariana Massarani, também são lindas!

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

nada serve de chão


Em tempos de desconfiguração, essa música vem bem a calhar. Daniela, do Pedro Guerra. Conheci na época em que assisti ao Caótica Ana, do Julio Medem. Já postei aqui uma versão de Tiempo y Silencio, que ele canta com a Cesaria Evora e entrou na trilha sonora do filme. Daniela não está no filme, mas bem que poderia estar: Ana também estava llena de puertas, exercitando a coragem de abrir cada uma delas e se lançar na jornada rumo a si mesma. Sua caverna na Espanha ensolarada tinha portas desenhadas nas paredes. Nada mais representativo de sua alma. E da minha:

Daniela

Daniela por dentro está llena de puertas
Unas cerradas, otras abiertas
Daniela por dentro está llena de puertas
A veces sales, a veces entras

Daniela es del viento y a veces se entrega
Y pierde cosas pero otras quedan

Daniela es un árbol un libro una abeja
Volando entre tantas en una colmena

A veces es difícil ser
Y lo que hay
No siempre es lo que es
Y lo que es
No es siempre lo que ves

Daniela respira y a veces se cuelga
A veces no sabes si es ella o no es ella
Daniela no entiende de todo y espera
Que alguien le calme sus noches en vela

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

versões, versões, versões

Dando uma passadinha do MySpace do Jorge Drexler, descobri uma versão dele pra You really got a hold on me, que eu só conhecia com os Beatles. Daí procurando o vídeo no youtube descobri uma versão lindinha também da dupla She & Him. Ela é Zooey Deschanel, ele é M. Ward. Bom, e achei a versão dos Beatles no desenho animado deles, pra ficar mais legal ainda!
Ouçam as três e depois digam aqui de qual gostam mais. Fiquem à vontade para sugerir outros nomes, já que essa música ganhou muitas versões. Ah, sim: como a dos Beatles é um trechinho do desenho, se quiserem só ouvir a música adiantem o vídeo lá para os 2 minutos (tem 10).
A versão do Drexler não tem vídeo, mas tá aqui: http://www.myspace.com/jorgedrexler

high and dry

Por falar em versões, essa é outra que eu amo e que é perfeita pra manhã cinza de hoje em Brasília, com esse friozinho. Delícia! Jorge Drexler gravou High and Dry, do Radiohead, no disco 12 segundos de oscuridad, o segundo que ficou conhecido por aqui. Gosto muito da versão dele, só voz e violão, e a doçura que ele dá a uma letra tão forte.

Drexler é, para mim, o melhor cantautor que temos hoje, o que mais me toca. Adoro sua poesia leve e profunda, cheia de imagens, e a suavidade com que ele canta. Força branda, gosto disso.

O vídeo que peguei do youtube não é dos melhores, deve ter sido gravado com um celular e a pessoa fica viajando num zoomzinho chato, mas abstraiam, por favor :)


sábado, 22 de agosto de 2009

jokerman dance to the nightingale tune

Porque eu amo essa versão do Caetano pra Jokerman, do Dylan. Sábado de chuva, deu saudade dessas imagens...birds flying high by the light of the moon.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

IX Prêmio de Arte Contemporânea


Ontem fui à vernissage da edição desse ano do salão de arte do Iate Clube de Brasília. Pelo que sei, é o único da cidade a abrir espaço para várias linguagens e a oferecer boas premiações aos artistas. Sempre acho uma visita interessante, apesar das tosquices na montagem de alguns trabalhos - já vi marmotarem o trabalho do Allan (de quem eu sempre falo aqui) e, dessa vez, do João Angelini, outro de quem sou fã. Já começou por terem grafado um "João Angelim" na identificação do trabalho, um pequeno indício de como a coisa é levada. Tosco, mas tudo bem (não reparem a fúria, é que uma Danyella com "y" e dois "élles" se chateia mesmo com essas faltas de cuidado).

Bom, dessa vez minha alegria foi um tanto especial: quem levou o primeiro prêmio foi o Rodrigo Paglieri, que fez a direção de arte do meu filme junto com o Allan. Merecidíssimo pela delicadeza do objeto que ele apresentou, um livro que respira chamado muito oportunamente de "livro corpo". É orgânica a respiração do livrinho amarelado, com marcas de tempo, sem capa. Ele respira como uma criança que ainda não desaprendeu o caminho, solto e livre, embora tenha lá suas muitas décadas estampadas na pele. Achei lindo mesmo: engenhoso, lúdico e delicado.

O segundo prêmio ficou com o Gaspare di Caro, que também participou da arte do filme como artista convidado, projetando os poemas do Nicolas Behr na aquitetura do Museu da República. Gaspare parece ter mesmo uma queda por números, distâncias e outras associações físico-matemáticas. Lembro de quando ele argumentava que as projeções deviam ser feitas do lugar X e não Y, por conta da distância e do ângulo e etc etc etc. Para o salão do Iate, ele apresentou uma versão da lata de sopa Campbell (trazida às nossa referências provavelmente por Andy Warhol) com as coordenadas geográficas de onde ela está. Mas onde ela está? De onde são as coordenadas?

Gaspare também fez uma intervenção "matemática" na foto "Salto no Vazio", de Yves Klein. Ele imprime de azul (coincidência?) as distâncias do Klein que se lança de braços abertos no ar até o chão e até o ciclista que passa na calçada em frente. Também vemos a altura de Klein em relação às outras distâncias e descobrimos uma inusitada relação com o dia de seu aniversário. Enfim, Gaspare é um apaixonado por números, isso fica claro em sua arte.

Além dos dois "braxilienses" e do João, dois outros amigos tiveram trabalhos selecionados: Luciana Paiva e Matias Monteiro. Passeiem pela montanha e vejam lá o que podem encontrar :)

Então, agora que eu já fiz propaganda e tietei, anotem aí:

O Iate fica no Setor de Clubes Norte, trecho 2, conj. 4
A visitação vai até 2 de setembro. Segunda a sexta das 9 às 18h. Aos sábados, domingos e feriados fecha mais cedo, às 17h.


Visitem!

O homem, as viagens

Um pouquinho de Drummond, que tão bem falou sobra as jornadas para o eu e o outro:

(...)

Só resta ao homem
(estará equipado?)
A dificílima e dangerosíssima viagem
De si a si mesmo:

Pôr o pé no chão
Do seu coração
Experimentar
Colonizar
Civilizar
Humanizar
O homem
Descobrindo em suas próprias
inexploradas entranhas
A perene, insuspeitada alegria
De con-viver.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

o amor é importante, porra!

Uma semana de férias e eu caí novamente para São Paulo. Não tem jeito: a cidade é gigante, caótica, rola uma overdose de informações e de sentidos, mas eu adoro isso aqui. Estou descansando, ao meu modo, enquanto caminho pelas ruas e exercito a capacidade de flanar e me perder. Também descanso vendo mil exposições interessantes, como a da Sophie Calle e do Jean Dubuffet. O ano da França no Brasil está rendendo muita coisa bacana por aqui.

Essa cidade me aguça os sentidos. Só andar por essa região da Paulista rendeu ótimas descobertas: uma padaria lindinha chamada Benjamin Abrahão, onde tomei café da manhã algumas vezes; uma kebaberia deliciosa, Kebabel, bem aqui na Augusta, que vai render um post específico de tanto que eu fui lá (viciei, minha gente, mas a comida é boa demais!!); uma casa de jazz numa vielazinha escondida, chamada Syndikat, onde os músicos incluem jazz cigano no repertório; um café com o melhor cappuccino que tomei aqui, chamado Santo Grão, nota 10 pra latte art deles. Inspiração total, sinestesia, enfim. Estou encantada, como sempre, e não me canso de descobrir novas coisas.

Agora vamos ver uma exposição do Serge Gainsbourg, que eu descobri que foi um multiartista: conhecia o lado músico, mas o homem foi tudo!! Acho que hoje rola uma festa no Sesc também, com músicos influenciados por ele...ai ai ai.

Sinto falta de uma janela com a vista que tenho aqui, onde eu pudesse sentar num meio de tarde desses e escrever vendo a cidade me ver. Até desse céu cinza eu estou gostando. Ô vida besta! Fulô acabou de chegar mostrando as compras pro Fellini Caffè. Estamos todos inspirados, é isso. Cada um na sua jornada pessoal. Igor pesquisa cursos de teatro, vamos agora ver como funciona o ingresso no CPT do Antunes Filho. Eu penso, caminho, olho, escrevo algumas coisas num caderninho e leio poesia. O artigo que eu deveria começar aqui vai ficando pra depois, enquanto eu me remonto a cada quarteirão. Porque o imaginário pulsa nas ruas, nas pichações filosófico-existenciais (o que dizer de "o amor é importante, porra!" no meio da Augusta ou de "viver dói" grafado no muro do cemitério?), no tanto de humano, demasiadamente humano, que vejo por aqui.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

llena de puertas

Há mais ou menos um ano eu fui ao cinema ver Caotica Ana, do Julio Medem. Esse dia me marcou muito, porque eu havia acabado de entrar em contato com uma informação que mudou toda a minha vida - sem na prática mexer em nada. Foi nesse espírito que fui ao cinema: perturbada, confusa, fragilizada, com todas as janelas da minha alma abertas, quase uma revisita.

Não sei dizer como saí do filme. Sei que, até hoje, ele ecoa forte em mim. Ouvi muita gente dizer que achou uma porcaria, que se decepcionou com o Julio Medem (provavelmente quem foi esperando algo na linha de Lucia e o Sexo ou Os Amantes do Círculo Polar, obras-primas, sem dúvidas). Eu não me decepcionei nem um pouco. Achei o filme de um simbolismo muito bonito e pude ver no caos da personagem principal um pouco do caos de todos nós, com todos as nossas memórias, ancestralidades gravadas em cada traço. Ouvi muitos reclamarem, também, que era um "momento espírita" do diretor, já que o filme mostra a personagem principal mergulhando em vidas passadas - sempre parte de trágicas histórias de mulheres, há 20 ou 100 anos. A dor era a mesma, mudados os rostos e cenários que fossem.

Não acho que seja simplesmente um filme "espírita", pejorativamente falando, como ouvi e li tantas vezes. Minha leitura definitivamente não foi por aí. O fato de Ana ser todas aquelas mulheres não significa necessariamente que tenha vivido como cada uma em vidas passadas. Significa justamente isso: Ana é todas aquelas mulheres. Assim como eu sou, você é, basta abrir as janelas pintadas na parede da caverna. É uma leitura mais junguiana mesmo, pra ficar só aí. Estamos conectados, e por isso o passado não morre, não se acaba: somos o que vemos agora, mas também somos tudo o que foi, reelaborado, reordenado até a nossa totalidade. Quando entramos em contato com cada uma dessas partes, aceitamos o caos. Até reordenar novamente e sermos de novo inteiros.

Estou melancólica, é isso. E mais canceriana do que nunca. Deve ser o inferno astral. Pois que ando recolhida, sonhando com fênix douradas e rememorando aquela que fui em cada fase que passou. Não sem tristeza, não sem saudade, mas mantendo em mente que é preciso deixar morrer para ser novo. Ando duelando com a morte e ofertando flores a ela. Talvez por isso tenha voltado ao filme...termino o post com uma música belíssima cantada pela Cesaria Evora e pelo Pedro Guerra, que me arrebatou enquanto corriam os créditos. Tiempo y silencio.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

entrevista com o lan

O meu melhor amigo, Allan de Lana, é o entrevistado do mês da revista de arte "dando nome aos bois", projeto dos também artistas plásticos Matias Monteiro e Luciana Paiva. Na entrevista, ele fala do trabalho como diretor de arte no meu primeiro curta, Braxília, que ganhou até blog.

Vale a pena ler, não só pela referência ao processo de realização do filme, mas pelo mundo do Lan. Que é lindo e eu amo.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

viagem além do eu

Estou lendo com devoção A Descoberta do Mundo, coletânea de crônicas da Clarice Lispector. Comprei o livro há um tempo e estava lendo devagarzinho, em doses homeopáticas, envolvida que estava com as leituras do mestrado e com o filme. Agora continuo enrolada, mas assumi para mim mesma que doses diárias de Clarice me são absolutamente necessárias, no sentido de não me deixar distanciar da minha capacidade de contar historias e vê-las onde elas se escondem. Isso além de equivaler a uma boa sessão de terapia.

E não é que, depois que comecei a ler as crônicas antes de dormir, dei para ter sonhos ainda mais cheios de símbolos? No último, eu estava no alto de um rochedo duelando com um oponente que não sei se era homem, mulher ou a morte. Instruída pelo Igor, que no sonho era uma espécie de guru, utilizei como arma uma flor cor-de-rosa, dessas que a gente sopra e espalha pelo vento. Ele me entregou a flor como sendo a senhora do tempo. Assim soube de sua força. E foi assim que ganhei, num jogo em que meu oponente tinha de escolher entre a flor senhora do tempo e um punhado de plumas azuis. Como ele escolheu as plumas, eu venci.

A ante-sala do meu duelo era uma sobreposição de cartas douradas, gigantes, com desenhos de figuras mitológicas. A carta que estava ao meu lado, do meu tamanho, tinha a imagem da fênix. Mas não sei por que novamente Clarice me trouxe até aqui. Acho que é porque a relaciono profundamente com uma boa viagem além do eu, ao menos assim ela é para mim. Abrir as portas para sonhos reveladores assim só podia mesmo ser coisa da bruxa.

jasmim

Descobri, lendo uma das crônicas, que Clarice também gostava de jasmim. Diz assim:

"Depois voltarei ao mar, sempre volto. Mas falei em perfume. Lembrei-me do jasmim. Jasmim é de noite. E me mata lentamente. Luto contra, desisto porque sinto que o perfume é mais forte do que eu, e morro. Quando acordo, sou uma iniciada."

Que percepção bonita, sentir-se iniciada por um cheiro, uma flor. Ser uma iniciada, acredito, é passar para um estado de aberturas, em que um perfume pode ser o mergulho, a morte e a vida. Todas palavras-chave da poesia. Acordar uma iniciada é entregar-se ao desconhecido, sempre ele, abismos a nos perseguir. Pode ser uma música a nos levar nesse pacto de pertencimento, uma pessoa, uma imagem...ou o perfume de jasmim.

Eu me apaixonei por esse cheiro ao andar pelas ruas de Buenos Aires, enfeitadas por delicadas bancas de flores. Um dia cheguei em casa - que afago poder chamar assim um apartamento alugado por dez dias! – e encontrei um buquê de jasmins sobre o travesseiro. Surpresa do Igor, flâneur que traz bancas de flores nos olhos. Fui iniciada. Para nunca desiniciar, levo comigo um perfume com notas de jasmim chamado Cinéma, maravilhoso. E junto, claro, minhas ruas imaginárias entre o mar e a noite.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Wado e o Terceiro Mundo Festivo

Uma das boas surpresas desse fim de semana foi o som do Wado. Fiquei sabendo do show por uma amiga, que me mandou um e-mail perguntando se eu gostava. Eu nem conhecia. Depois de sondar no My Space, lá fui eu para o show no Cafetina. Há muito eu não ouvia uma mistura musical tão interessante...o cara passa por samba, funk, uns baticuns de maracatu, reggaeton...lendo essa definição, deve parecer que se trata de um samba do crioulo doido, e é isso mesmo. Wado é samba do crioulo doido da melhor qualidade, perfeito pra dançar a noite toda sem ver o tempo passar. Não quero escrever mais. Tudo além disso é sentido. Deixo aqui um video para experiencia estética dos meus amigos leitores e recomendo esse catarinense alagoano do mundo. Visitem o site dele e baixem os CDs. Tá tudo lá.

terça-feira, 2 de junho de 2009

as tempestades, os homens e os deuses

Minha ficha ainda não caiu direito sobre esse vôo da Air France. Passei o dia meio esquisita, aperto no peito, um choro guardado pelas pessoas tantas que eu não conhecia. A verdade é que uma tragédia como essa mexe demais com a gente, nos coloca diante da nossa fragilidade e faz pensar que qualquer um de nós poderia estar ali. Presos numa gaiola a mais de 30 mil pés, sobrevoando o infinito do mar, ao encontro de uma tempestade dessas que nem os poetas, nem as visões de estamira, nem os deuses todos poderiam invocar. Eu não tinha medo de avião, até que me vi trabalhando na Globo na época do acidente com o boeing da Gol. A cobertura do acidente mexeu demais comigo. Ter de ir até o hotel entrevistar os parentes no auge da dor da perda, acompanhar as buscas pelo que restou das pessoas, tudo isso foi muito dolorido pra mim. Na época eu não consegui chorar, acho que ainda tentava separar o pessoal do profissional: me concentrei tanto em fazer um trabalho digno, respeitoso, que nem olhei para o que sentia.

Percebi o quanto de tristeza eu tinha guardado quando aconteceu o acidente com o avião da TAM, que explodiu em Congonhas. Me lembro de ter saído para uma aula de dança quando o Jornal Nacional mostrou as imagens do avião pegando fogo, com a ressalva de que o avião devia estar vazio no setor de cargas. Fui para a aula aliviada. Quando estava voltando de carro pra casa, ouvi no rádio que o avião estava cheio. A imagem daquele avião em chamas imediatamente me veio à cabeça e eu não consegui segurar meu choro. Parei o carro num posto de gasolina e chorei muito por aquelas vidas todas. Fiquei um longo tempo ali, em silêncio. Ao chegar em casa com os olhos marejados, ouvi: "minha filha, você tem que ter autocontrole, você é jornalista!".

Desliguei o modo "jornalista" e deixei ligado, assumidamente, o modo "humana". Hoje me permito chorar. Estou aqui, às 2h30 da madrugada, vendo vídeos do maestro Silvio Barbato, que estava no vôo da Air France. Acho que cheguei a entrevistá-lo no JB, não lembro ao certo. Sei que o sorriso dele, o talento dele e sobretudo a paixão pela música me são familiares, me soam antigos como os primeiros sons. Vi também outra artista de Brasília, Juliana, que estava no avião. Não a conhecia, mas o vídeo que vi sobre ela no correioweb mostra a mesma paixão pela música, a mesma fagulha. Um golpe de uma só vez na arte e na vida, esses grandes princípios da poesia.

macabéa revisitada

Mas quero escrever sobre a dentista que me atendeu hoje, uma mistura de Macabéa com Clarice, criatura e criadora assim juntas de uma forma um tanto peculiar. Eu preciso contar sobre essa mulher, sob o risco de não conseguir dormir. Eu sonhei com ela na noite anterior à consulta. E no sonho uma amiga me alertava sobre ela, dizia para eu ter cuidado. Eu acordei cabreira, mas fui ainda assim. Chegando no consultório, uma senhora de jaleco branco veio atender a porta em passos vagarosos. Tive dúvidas se era a própria dentista ou uma secretária flicts, quase uma mudança de cor, como a Macabéa. Deduzi que era a dentista. O mais interessante é que a sala dela, para mim, era a sala onde Macabéa trabalhava. Havia vasos de plantas e samambaias penduradas pelos cantos. Macabéa teria uma samambaia, eu sei disso porque ela me falou. Também havia um quadro de Jesus Cristo na parede e um móbile azul de furtivas lacrimas. A mesa onde ficam os instrumentos era também azul, aquele azul clarinho da geladeira que com certeza sua mãe também teve nos anos 70. E as indicações eram todas em ponteiro. A lâmpada também era algo retrô. É, a sala tinha um quê de Adeus, Lênin!. E eu deitada na cadeira sem conseguir tirar os olhos daquela mulher. Passeei por seus cabelos ralos, avermelhados. As mãos eram pontilhadas com as mesmas manchas que Macabéa teria caso a sua hora da estrela tivesse esperado um tanto mais para chegar. Um rosto de poucos movimentos, nenhuma maquiagem, as unhas bem cuidadas. Ela falava como a Clarice na entrevista à TV Cultura, o mesmo enrolar de língua que tornava as palavras todo um mundo possível. Ela me explicava sobre as formas de respirar melhor e eu a via falando, bem devagar, "é que eu escrevo simples". Me pus a imaginar seus pequenos prazeres. Comer cachorro-quente com coca-cola? Escutar a Rádio Relógio? Parafuso e prego? Escrever livros? Moldar próteses nas bocas alheias e guardá-las, milimetricamente organizadas no armário baixo? Eu acho que ela esconde um infinito de bocas naquele armário. Bocas que são também o que ela guarda das pessoas, antes que elas fujam, como eu fugi.

Casi Razón

# 51

Nos fatiga más y más la poesía a medias, la poesia donde no se juega íntegramente el poeta, en todos los aspectos de la creación. La poesía a medias es el peor enemigo de la verdadeira poesía, como el hombre a medias es el mayor adversario del hombre. Tal vez ocurra lo mismo con todo cuanto es a medias, en relación con lo que es o trata de ser: Hasta el fracaso exige una integridad, especialmente en poesía.

Roberto Juarroz, em Casi Razón (Fragmentos Verticales, Decimocuarta Poesía Vertical)

segunda-feira, 1 de junho de 2009

desoperadoras de telefonia móvel


Há mais ou menos um mês, portei meu número da Brasil Telecom para a TIM. Eu era cliente da BrT há anos, desde que ela surgiu, e até então achava que ela era a pior de todas. Ok, eu já havia passado pela VIVO e rompido a fidelização em uma batalha no Procon, porque minha conta vinha errada todo mês...mas isso era tão passado que eu só pensava em quanto a Brasil Telecom deixava a desejar. O serviço de atendimento era péssimo, eu nunca ganhei nenhum desconto nem celular novo, e olha que minha conta sempre vinha entre 150 e 200 reais...nem um celular meia-boca me ofereceram - e minha mãe, que tem um gasto de 50 pila e olhe lá, recebeu uma ligação oferecendo um celular novo! Isso sem falar que meu namorado é Tim e as ligações ficavam bem carinhas de uma operadora pra outra.

Eis que, enfurecida por todas essas coisas, fiz a pior besteira dos últimos tempos e mudei pra Tim. Ganhei um celular bacaninha - considerando que o meu era jurássico -, um desconto integral da mensalidade por três meses e fiquei feliz, crente que estava abafando. Aí começa o drama quando chega a primeira conta. Conta?? Mas não ia ser de graça por três meses? Pois é. A Tim deu uma de joão-sem-braço e me cobrou o valor "proporcional" ao número de dias que eu estava com eles. Começou aí a minha via crucis. Liguei pra eles no dia do vencimento da conta pra reclamar. A atentente me disse que o sistema estava fora do ar (!), mas que eu podia ficar tranqüila que estava errado mesmo. Massa. Anotei o nome da sujeita e o número do protocolo, que eu não sou besta nem nada. E relaxei. Até que, ontem, recebi uma mensagem cobrando a "dívida". Ahm??

Tentei hoje ligar outra vez. Primeiro do celular, porque é o único número fácil de achar no site e na conta. Liguei *144 e ouvi aquelas opções irritantes...coloquei tudo direitinho e eis que, quando encontro a opção do "atendente", a ligação cai. Ok. Respira fundo e liga de novo. Mesma coisa. No terceiro número de protocolo, fui atendida. Comecei desabafando sobre o atendimento, disse que era a terceira vez que ligava e blábláblá...e eis que percebo estar falando sozinha! A criatura me transferiu na maior cara dura, sem dizer palavra...ainda esperei um tempo a musiquinha, mas caiu de novo. Fiquei puta e fui caçar o 0800 no site, pra ligar do fixo, que pelo menos não cansa tanto ficar segurando. No quinto nº de protocolo eu consegui e já cheguei perguntando pro Rodrigo - nome do atendente - se ele não ia desligar na minha cara. Ele garantiu que não e eu contei toda a história. Ele veio com uma conversa mole de que eu só tinha desconto por um dia (ahm?) e eu, que tinha o contrato em mãos, provei que não tinha nada daquilo...15 minutos depois, consultando os dados, ele diz: "realmente tem que fazer essa retirada pra você, Danyella". E puf, transfere!! Mas transfere pra quem, meus deus??? Mais alguns minutos de música e a ligação caiu, junto com a minha paciência.

Decisão da noite: não vou pagar essa conta, definitivamente. Também não vou ligar de novo pra procurar saber nada. E eles que me prendam se forem capazes ;)

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Braxília

Na semana que vem começam as filmagens do Braxília, meu primeiro curta. Teremos o privilégio de passear pela cidade inventada por Nicolas Behr, guiados pelo próprio poeta :)

Depois de quatro anos esperando pra ver esse projeto concretizado, nem consigo elaborar direito a mistura de sentimentos que passam cá por mim. Tanta coisa já aconteceu nesse intervalo! Meu próprio olhar diante da cidade mudou tanto desde que o projeto nasceu, lá na disciplina "Documentário", na UnB! Nesse tempo em que fiquei esperando a liberação da verba da Secretaria de Cultura, mudamos todos: Eu, o Nicolas, Brasília. Eu me formei, passei em concurso público, entrei no mestrado e, quando pela primeira vez relaxei e pensei que a verba não fosse sair nunca mais, ela saiu. Justamente quando eu estava no olho do furacão.

Cá estou, de férias do ministério para poder rodar, costurando com a equipe todas as imagens em que Brasília pode ser uma cidade qualquer. Vamos botar a poesia na rua!

Para quem quiser acompanhar mais sobre o filme, criei um blog: www.braxilia.blogspot.com
Pretendo postar algumas reflexões, notícias, imagens, enfim! Ainda não tem nada, mas aos poucos vou alimentando o espaço da nossa expedição.

Aos amigos que acompanharam a minha saga para realizar esse filme, agora é a hora do pensamento positivo, mais do que nunca! :)

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

se segura, mallandro!

Cheguei em casa outro dia e minha mãe estava assistindo a um filme no Canal Brasil. O visual anos 80 me chamou a atenção e eu resolvi sentar pra ver do que se tratava: Garota Dourada, dirigido pelo Antônio Calmon. Logo nas primeiras cenas apareceu o Sérgio Mallandro como um rock star, figurino meio Elvis. Eis que o seguinte diálogo surreal se trava:

Mãe: Ué, o Sérgio Mallandro era cantor também?
Eu: Acho que era...ele cantava aquela música do capeta em forma de guri.
Mãe: Ah, tá. Achei que ele fosse só malandro mesmo.
Eu: Como assim?
Mãe: Ele não era palhaço, minha filha? Só lembro dele fazendo aquelas malandragens...

Malandragem=glu glu?

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Contradições de uma cidade nova I - O Galinho

Quem mora em Brasília deve estar acompanhando, há um tempo, a polêmica em torno do desfile (ou não) do Galinho. Para os que não sabem que diabo de galo é esse que desfila, trata-se do Galinho de Brasília, versão local do Galo da Madrugada, de Recife. Trocando em miúdos: um bloco de frevo que pulsa, desde que eu me entendo por gente, na comercial da 203/204 Sul. Desde criança eu vou lá com minha mãe brincar carnaval. Lembro como hoje a minha primeira sombrinha de frevo, o encantamento diante das passistas, a camiseta azul com o desenho do Galinho de 1995, que até hoje resiste no fundo de uma gaveta...lembro-me de quando a gente saia da frevança e subia para o Pizzaiolo, para comer no fim da noite. Isso quando o Pizzaiolo ainda era uma pizzaria meio boteco ali na esquina da 312. Pois. Eu ficava do lado de fora, tentando lembrar de cabeça como as passistas dançavam. Ficava ali, insistentemente tentando fazer uma tesoura. Até que eu consegui.

Anos depois, já adulta, resolvi correr atrás dessas imagens de infância e fui fazer aula de frevo. A primeira aula foi fantástica: era como se eu já soubesse fazer os passos, como se o registro deles já morasse em mim de alguma forma. Coisas que talvez seu Jung explique. É forte isso pra mim porque eu sempre fui muito indisciplinada em questões de esporte. Já tentei natação, basquete, jazz, dança do ventre, ritmos, hidroginástica, kung fu, tai chi, etc, etc. E o frevo, quem diria, foi o único em que eu fiquei. Fiquei porque ele já estava em mim, sempre esteve, acredito muito nisso. Já são mais de cinco anos frevando. Não sou nenhuma passista pernambucana, vá lá, mas o que importa é que, quando danço, eu me sinto 100% conectada com alguma coisa muito forte e antiga, talvez aquilo que chamamos alma (continua...)

Contradições de uma cidade nova I - O Galinho

Ano passado, saí para frevar no Galinho, como de costume. Pra minha surpresa, quando estava voltando pra casa, passei por uma confusão entre policiais e foliões na 203/204. Com tiro, fumaça, garrafas quebradas, helicópteros e tudo. Parecia cena de guerra. Tudo porque, depois de um certo horário, os moradores da quadra exigiram que os foliões que insistiam em ficar lá depois da saída do Galo fossem embora. Eles não quiseram ir, a polícia usou métodos que a gente conhece, o povo retrucou com métodos que a gente também conhece, e aí já viu.

Esse ano, os moradores encasquetaram que o Galinho não poderia passar por lá de jeito nenhum. Disseram que incita a baderna. Depois de muita negociação e do Galinho ameaçar não desfilar em protesto, chegou-se a um acordo: o Galinho vai se concentrar em outro canto, mas poderá passar pela quadra (em intervalo não superior a 1 hora, cronometrado) e terão que cumprir uma série de exigências da vizinhança. Li hoje no Correio a argumentação de um morador, que dá sinais dessas exigências:

"Não queremos ambulantes, casais e conversas debaixo dos blocos, nem que foliões possam estacionar nas quadras. E se eles não respeitarem o tempo de passagem, o bloco não poderá passar nunca mais por aqui".

Eu fico triste toda vez em que escuto autoritarismos como esse. Triste mesmo, de coração cortado com o que querem fazer de Brasília. A cidade é nova e luta para manter suas poucas tradições culturais construídas por aqueles que se identificam com a cidade, que se sentem brasilienses. Como eu, filha de uma baiana com um paulista. Minha mãe sempre me levou para o Beirute, para o Psiu, para o Arabesque. Sei o que é comer pastel com caldo de cana na rodoviária, o que significa uma prosaica pizza "sabor único" da Dom Bosco. Entendo, intuitivamente desde criança, o simbolismo da passagem do Galinho pela superquadra - para quem não mora aqui, há mini-subidas na tesourinha que fazem o folião se sentir nas ladeiras de Olinda...

Mas que valor têm todas essas coisas para uma pessoa que dá uma declaração como aquela ali de cima? Nenhum. Deve ser uma pessoa que se sinta muito à vontade morando num caixote numa cidade cartesiana, de siglas e números, com a ordem intacta. A essa pessoa, eu digo: a cidade não pode ser só isso!!! O que torna uma cidade única é a vida que pulsa de suas ruas, de seus foliões, de sua desordem. Brasília precisa se abrir para isso. Precisamos sim de pontos de encontro arborizados, de coretos em que múltiplos olhares possam brincar juntos, e não de uma Praça da Soberania com museu dos presidentes e estrutura de concreto, morta, no meio da Esplanada. Precisamos do Galinho de Brasília e das cores que resistem aqui no carnaval, já tão sem graça.

Para essa pessoa que deu essa infeliz declaração, eu dou me testemunho: moro em frente ao Libanus, um bar muito movimentado da cidade. Todos os dias, roubam as vagas do meu prédio e eu tenho que estacionar longe e andar, mesmo cansada do trabalho. À noite, muita gente passa conversando alto, gritando, falando besteira. Ah, Sr. Morador da 203, com certeza casais já ficaram embaixo do bloco e já treparam no estacionamento. Muita gente também já fez xixi por ali depois de beber. Isso acontece todos os dias. Muitas vezes eu maldigo os freqüentadores do Libanus, praguejo, xingo, peço para fazerem silêncio. Já passei muita raiva. Mas entendo que faz parte da dinâmica da cidade. Ou será que eu devo exigir um Termo de Ajustamento de Conduta? Devo procurar o Ministério Público, como vocês querem fazer, porque as pessoas conversam embaixo do meu bloco e podem estacionar na minha quadra? Aliás, o senhor me deu uma ideia: podiam fechar a minha quadra para os bebuns de fim de semana! Malditos bebuns!!

Seria tão sensato se todos os moradores de todas as quadras com bares resolvessem fazer isso, não? Acho que ficaria perfeito, aliás. Lei seca, bares fechando à meia-noite (isso se não começarem a te expulsar antes), pardais espalhados a cada 100m, praça de concreto na Esplanada e um Galinho silenciado. Eu prefiro uma cidade que respire. Aos que preferem o panóptico do Foucault, só me resta desejar um pouco de vida.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

cabra safado tem que morrer, já diria o jeremias!

Eu não falei aqui, mas desde o fim do ano passado eu estou de carrinho novo. Meu xodó é um mille way vermelho com cara de "adventure", praticamente um jipinho. Em poucos meses, já enfrentamos chuva no caminho pra chácara, já entramos no mato alto, já pegamos estrada esburacada...eu, que nunca tive lá muita afeição por carros, de repente me vejo toda boba com ele, verificando paranoicamente se está arranhado, querendo deixar sempre arrumadinho, enfim.

Eis que, esses dias, descobri por acaso que o carro estava sem o estepe. Não tenho a menor ideia há quanto tempo. O cara da concessionária disse que recebeu em média umas 15 reclamações do tipo só em janeiro, geralmente com milles e palios. Quem roubou meu estepe foi altamente ninja, coisa de MacGayver mesmo...não havia n-e-n-h-u-m sinal de arrombamento, nadica de nada. Segundo o gerente da concessionária, o malandro enfia um ferrinho pelo capô e abre tranquilamente, como se tivesse puxado a alavanca de dentro. Agora me expliquem, por favor, como alguém pega um estepe e sai andando por aí na cara dura?? O cara só pode estacionar do lado, já na maldade...isso não é coisa de ladrão xulé, não!

O pior de tudo é que eu não tenho ideia de onde foi. Fico refazendo minhas rotas mentalmente, tentando imaginar onde eu poderia ter dado bobeira, num processo de culpa que é inútil. Sim, porque eu poderia ter estacionado só nos lugares ditos super seguros e ainda assim ter sido roubada. Eu poderia checar o estepe com frequência e ainda assim ser surpreendida. Malandro não tem regra, não. Pode ser no estacionamento do shopping ou no do trabalho. Não dá pra saber. Agora que eu vou dançar em pelo menos trezentos legais, prometo verificar o estepe religiosamente depois de sair dos estacionamentos. Mas sintam o paradoxo: a gente é recomendado a entrar no carro e já sair logo, pra não correr o risco de ser abordado num sequestro relâmpago. E agora, com a nova modalidade de furto, também devemos parar, abrir o capô e sair pra olhar o estepe sempre antes de dar partida!

Qual a escolha certa? Sentar e chorar? Chamar o Capitão Nascimento? De resto, a gente já sabe o script: ficamos mais inseguros, investimos mais em alarmes e cadeados, deixamos de estacionar na rua e vamos encher os bolsos dos donos de estacionamentos, enquanto os nossos bolsos são esvaziados com impostos e impostos.

Triste!

18 dias no Japão

Foram 18 dias de sonho e muitas caminhadas pelo Japão. Começamos por Tokyo, onde ficamos por 4 dias. A ideia era entrarmos em contato com c...