quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Psicologizando um pouco...

Aconteceu uma coisa engraçada comigo na volta de Porto Alegre. Bom, não falei aqui o motivo da minha passagem por lá: fui apresentar um artigo no congresso "Comunicação e Imaginário", na PUCRS, que contou com a presença mais do que especial de Michel Maffesoli. O fato é que eu tive que falar em público e quem me conhece sabe que eu tenho uma série de ziquiziras emocionais quando sou, digamos, o centro das atenções. Na semana anterior ao congresso, eu havia dado uma aula na graduação, substituindo um colega do mestrado. Okêi, passei semanas sofrendo por antecedência. Aí veio o congresso. E o coração disparou de novo, a pressão caiu, deu amnésia, sensação de desmaio...o pacote completo again, mas eu bravamente enfrentei o leão e apresentei e sobrevivi.

Além dessa situação, eu me senti um tanto incitada a falar durante toda a viagem. Explico: eu estava com uma grande amiga do mestrado, a Beta, que gosta muito do calor do debate, da troca de idéias olho no olho, da imagem de "lançar-se", "projetar-se no mundo". Eu quero ser a Beta quando eu crescer. E outras pessoas que já encontrei na vida, que carregam essa mesma soltura.

Mas eu ainda estou aqui, juntando minhas imperfeições. Por enquanto, ainda faço como a Clarice Lispector tão bem desenhou de si: eu costuro pra dentro. Isso me traz uma série de problemas, mas eu só entendo o mundo como entendo por conta disso, então acho que também deve ter sua beleza. O recolhimento deve ter sua beleza. Eu só escrevo porque observo. E observo no meu silêncio, no meu andar às vezes apressado que não é sinônimo de falta de afago do olhar, no tempo interior que é diferente do tempo dos passos, até nos meus braços cruzados que protegem o peito dos abismos.

Eu sou irremediavelmente atraída pelos abismos - vejam, meu mestrado é até sobre isso, na essência. Mas ainda não é simples para mim chegar até lá, tirar o pé que ainda se firma na margem. Por ainda ser um mistério, ainda me mobiliza tanto. É aí que está a beleza da jornada, creio eu. Se tudo estivesse pronto, dado, não haveria o caminho. Eu estou caminhando, conduzida em uma mão pelo desejo de não me fechar tanto e, na outra, pela solidão absolutamente necessária.

Aonde eu queria chegar com tudo isso? É que, de tanto falar e não encontrar espaço para o meu silêncio, eu cheguei a Brasília sem voz. Rouca. Um fiapo de voz tentando se reconfigurar.

A explicação racional, se buscarmos, certamente será o ar condicionado do avião, que me fez ter que tomar um Desalex básico ao chegar em casa. Não tem jeito, sempre acham que sou uma potencial hospedeira do H1N1 nessas crises de rinite. Pode ser o avião. Mas prefiro sempre a dangerosíssima viagem de si a si mesmo, agora no contato com o outro.

2 comentários:

betasimon disse...

és a pérola mais bela, a flor que desabrocha em silêncio, mas encanta a todos por ser singela e perfumada. O interior é o mais importante! Nele somos íntegros e legítimos. Nele encontramos inclusive a força necessária para não deixarmos que os males corpóreos (como alergia e rouquidao)te atinjam! Fortalecer a mente para fortalecer o corpo! Na mente estão nossos anticorpos! És ostra pq dentro de ti guardas o maior tesouro! Mas não tenhas medo de mostrá-lo aos outros também! Só não deixem te roubar gratuitamente... he!

betasimon disse...

és a pérola mais bela, a flor que desabrocha em silêncio, mas encanta a todos por ser singela e perfumada. O interior é o mais importante! Nele somos íntegros e legítimos. Nele encontramos inclusive a força necessária para não deixarmos que os males corpóreos (como alergia e rouquidao)te atinjam! Fortalecer a mente para fortalecer o corpo! Na mente estão nossos anticorpos! És ostra pq dentro de ti guardas o maior tesouro! Mas não tenhas medo de mostrá-lo aos outros também! Só não deixem te roubar gratuitamente... he!

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