quarta-feira, 10 de junho de 2009

jasmim

Descobri, lendo uma das crônicas, que Clarice também gostava de jasmim. Diz assim:

"Depois voltarei ao mar, sempre volto. Mas falei em perfume. Lembrei-me do jasmim. Jasmim é de noite. E me mata lentamente. Luto contra, desisto porque sinto que o perfume é mais forte do que eu, e morro. Quando acordo, sou uma iniciada."

Que percepção bonita, sentir-se iniciada por um cheiro, uma flor. Ser uma iniciada, acredito, é passar para um estado de aberturas, em que um perfume pode ser o mergulho, a morte e a vida. Todas palavras-chave da poesia. Acordar uma iniciada é entregar-se ao desconhecido, sempre ele, abismos a nos perseguir. Pode ser uma música a nos levar nesse pacto de pertencimento, uma pessoa, uma imagem...ou o perfume de jasmim.

Eu me apaixonei por esse cheiro ao andar pelas ruas de Buenos Aires, enfeitadas por delicadas bancas de flores. Um dia cheguei em casa - que afago poder chamar assim um apartamento alugado por dez dias! – e encontrei um buquê de jasmins sobre o travesseiro. Surpresa do Igor, flâneur que traz bancas de flores nos olhos. Fui iniciada. Para nunca desiniciar, levo comigo um perfume com notas de jasmim chamado Cinéma, maravilhoso. E junto, claro, minhas ruas imaginárias entre o mar e a noite.

Um comentário:

Anônimo disse...

necessario verificar:)

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