segunda-feira, 14 de outubro de 2013
Carta de aniversário para Fulô
12 de outubro é um dia triplamente especial para mim. Dia das Crianças, dia de Nossa Senhora Aparecida e aniversário da minha amiga-irmã-comparsa Moema Dourado. Penso que não é por acaso que todas essas celebrações caiam no mesmo dia. Porque a nossa amizade, Fulô, perpassa todas essas dimensões. É a base dela. Percebe isso? Nos amamos pela criança que há em nós, pela fé, pelo sagrado, o mistério. É como se fosse uma constelação. Se alguém desenhasse nossas estrelas, ligasse os pontos, tenho certeza de que haveria um para o lúdico, outro para o sagrado.
E veja: é Nossa Senhora Aparecida que enfeita o seu dia. Não é uma santa qualquer. É a padroeira do Brasil, a santa do povo, negra, encontrada por pescadores no fundo de um rio. Sua bondade infinita foi capaz de multiplicar os peixes. Desde então, ela olha pelo povo. Não do alto. Mas do fundo do rio, da alma, das águas. E dentro de nós passa um rio...tanto!
Uma vez escrevi que o que define minha família, os Neves, é o amor por pássaros, oratórios e pequenezas. Somos feitos de rio, de pés no chão, dos afetos bordados na relação com o outro. Hoje vejo, Fulô, que você é parte da minha família. Dizem isso, não é? Que os amigos são a família que a gente escolhe. Você é a família que sempre foi e eu pude reencontrar nessa jornada. Nos encontramos dançando frevo, vejo só! Dança colorida, com a alegria explosiva e genuína das crianças, frevo dos pés no chão, da capoeira dos escravos...olha o nosso universo se conectando de novo.
Estou certa de que viemos juntas desde antes, antes da barriga, antes do tempo, de outros abismos. Juntas para compartilhar a alma de Fulô, para adorar essa Nossa Senhora colorida do Galeno, sem rosto, envolta por pipas e carretéis coloridos.
Estou escrevendo tudo isso no meio de um shopping, enquanto espero meu horário na terapia. Escrevo e meus olhos se enchem de água. Tentei te ligar para dar os parabéns e dizer que te amo, mas você não atendeu. Deve estar aí em Piri, curtindo seu dia na paz das cachoeiras. Está em boas mãos, minha amiga, no abraço da sua mãe Oxum. Pedi a ela para te abraçar ainda mais forte por mim. Hoje e todos os dias.
Te amo!
Da sua Fulô,
Dany
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Um comentário:
Ei Fulô! Antes de ler sua mensagem fiquei minutos olhando esta imagem linda e colorida que você colocou para o meu dia. Só ela já “bastaria” minha amiga querida, minha irmã de alma para me preencher de alegria.
Sim nos encontramos nas profundezas dos rios... é lá onde se encontram os sonhadores, os poetas, as imagens antigas do universo...
Fico tão feliz de ser parte da renda, do bordado dos neves-dourado! E vim aqui te saudar e agradecer esta carta. “Aqui” não é onde me expresso melhor você bem conhece minha introversão e as palavras silentes que costumo trocar com aqueles que amo. Mas admiro este dom da cineasta, poetisa, jornalista, e tantos outros atributos que te fazem compartilhar com o mundo suas pedras preciosas. Obrigada minha Fulô.
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