domingo, 9 de dezembro de 2012

Cronopiando à la Cortazar - Os Taninos Redondos



Os Taninos Redondos são parentes distantes das Sonecas. Distância não tão grande, é preciso dizer, a ponto de herdarem o corpo oval e o pequeno porte. Descendem da seleta categoria dos que não saiam da caverna. Preferiam assistir projeções de sombras e saltitar em mímicas, a grande diversão. Ébria é a cor dos olhos dos Taninos Redondos, o que os diferencia das retinas teimosas das Sonecas. Diz-se dos Taninos que adoram pular de almofada em almofada, embora seus contornos arrendondados favoreçam campeonatos de cambalhotas. Temos aí seu grande evento anual: enquanto as Sonecas disputam quem acorda mais cedo e os afegãos lutam bravamente para ver quem fica com a pipa azul, os Taninos Redondos dedicam-se à arte cambalhotesca. Outra atividade que lhes é cara é colorir os olhos de casais desavisados. Quando se percebe, tudo em volta caminha devagar, em suspenso. Os Taninos são travessos. As antigas corridas entre árvores deram-lhes agilidade para esconder relógios. As horas tal qual conhecemos somem e o tempo passa a ser contado em frações contínuas de enlevo. Os Taninos Redondos têm radar aguçado para vernizes. Há boatos de que se alimentam de luz. E de cumplicidades silenciadas em beijo.

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