Um estranho passou por mim ontem, me olhou e disse:
- Ô, moça, você tá numa tristeza de dar dor...posso ajudar?
Em seguida, outro estranho passou por mim, perguntou se eu estava bem e me comprou uma água.
Acho que a tristeza estava estampada na minha cara. A desilusão com as pessoas devia estar reluzindo nas minhas lágrimas. Eu só acredito na espécie humana por conta de seres como esses, desconhecidos, que pararam diante da minha dor. E por conta dos meus amigos. Pelo resto, eu não acredito, não.
Ameaças, gritos, grosserias, chantagens, coação... nada disso me derruba, nem nunca vai me derrubar. Cada um colhe o que planta, e um dia a vida apresenta a conta. Hoje isso é tudo o que eu tenho a dizer. Não me sobra energia para mais nada.
Vou cuidar da minha decepção, em silêncio, longe dos berros dos últimos dias. E tentar tirar da cabeça (do coração, da memória, do corpo, enfim) o registro de uma agressão psicológica tão tosca quanto a que eu sofri na quinta-feira. Que esse dia suma da minha vida, amém.