segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Desoperadoras de Telefonia #2

No faxinão de fim de ano, olhem só o que encontrei numa cadernetinha...as memórias de uma vez que passei duas horas no telefone com a TIM e não consegui resolver meu problema. Isso soa familiar a alguém? Ai ai!


15 de junho – Recebo uma carta avisando que meu telefone será cortado, dois dias depois dele já ter sido! Ligo para a TIM. Começo às 21h.

Protocolo # 6 – caiu a ligação

Protocolo # 7 – caiu a ligação, depois de 10 minutos esperando;

Protocolo # 8 – Consultora: “boa noite, com quem eu falo?”; Eu: “Danyella”; Consultora: “senhora, boa noite, com quem eu falo?”; Grito: “Danyééélllaaaaaaaaa!”; Consultora: “por falta de comunicação, a ligação será encerrada”.


Vontade de morrer. Troco de telefone e tento mais um pouco.


Protocolo #9 - A consultora Kathlen me pergunta o que está acontecendo, sendo que já expliquei diversas vezes. Respiro fundo e conto. Ela consulta, verifica, digita, me pede pra aguardar.

Enquanto isso, inspirada por sua voz firme e simpática, me pergunto: “Como será a Kathlen? Que rosto terá? Será negra, branca, alta, baixa? Loira, tingida? Gosta de fazer o que nas horas livres? Tem namorado? Namorada?”. Sei que sua voz me causou ternura. Fiquei terna. Kathlen volta quase meia hora depois e constata que realmente há um erro. Diz que vai me encaminhar para o setor responsável. Eu imploro para ela não fazer isso, explico que dá última vez a ligação caiu. Ela me diz, aumentando minha ternura por ela: “Senhora, eu vou fazer o possível para a ligação não cair. Se não der, vou tentar te ajudar, tá?”.


Diante de uma resposta tão humana, eu disse: “tá”.


22h10 – Kathlen me transfere para a Cristiane. Explico que meu celular está cortado, que dizem que eu não paguei a conta, mas que me foi dito pela TIM que eu não precisaria pagar. Digo que quero entender que cobrança é essa. Ela me diz que pode ser um saldo devedor da Brasil Telecom, minha antiga operadora. Eu digo que não pode ser. Ela pede um momento pra verificar (o que diabos eles tanto verificam? Os outros já não tinham verificado??)


Percebo que estou sem ar, completamente tensa. Como se, a qualquer movimento meu, corresse o risco da linha cair. Então fico dura, imóvel, mal respirando.


22h14 – Cristiane me pede mais um momento;

22h19 – Cristiane diz: “nesse momento estou contestando a fatura para retirar o valor para a senhora”.

22h24 – Cristiane pede mais um momento;

22h25 – Mais um momento;

22h26 - Cristiane volta e pergunta: “A senhora já efetuou o pagamento da conta?”. Respondo: “Não!!!!!!!! Até porque me foi dito que eu não precisaria pagar!! É isso que estou tentando explicando há dias para vocês!”

22h27 – Cristiane diz: “entendi...”

22h29 – Cristiane pede mais um momento.


Sozinha no quarto há um bom tempo, já com as pernas dormentes, começo a anotar tudo na cadernetinha. Alguém me traz um uisquinho, por favor? Começo a me alongar enquanto equilibro o telefone no ouvido com o ombro.


22h30 – Já alongada, pego um livro de reflexologia podal e tento alguns exercícios;

22h36 - Meu estômago começa a roncar. Toco bateria imaginária com o lápis e a caneta.

22h37 - Seguindo as orientações do livro, observo de que lado meu chinelo é mais gasto. Vejo que é o lado de fora, principalmente no pé direito;

22h38 Cristiane volta e me pede só mais um momento. “Já estou finalizando, tá bom?”. Escrevo, evocando Lady Kate: “bom, bom não tá, mas tá bom...”

22:39 – O quarto vazio começa a me dar pânico. Só eu e o telefone. Já não penso em mais nada. Me dá câimbra, tudo me entendia.

22h40 – Acho uma fita K7 onde se lê “Timbalada Dany 93” em canetinha prateada. Escrevo novamente e comparo minha letra. Abandonei os traços arredondados, mas persiste uma certa fúria.

22h46 – Algo cai no apartamento de cima e faz barulho. Não é estranho pensar que o teto é também o chão? Tenho um momento existencial.

22h49 – Escrevo como seria meu nome sem Y, sem LL, texto as variações (uma hora, quatorze minutos e dezessete segundos no telefone);

22h50 - Minha coluna dói. Deve ser porque já faz mais de uma hora que fiz alongamento. Tento de novo me estivar, mas o pé fica dormente.

22h52 – Me dou conta de que o último contato foi às 22h38, há exatos 14 minutos. Algo está errado. Minhas mãos e pés ficam gelados, minha boca fica dormente. Cristiane, cadê você? Preciso ouvir sua voz!!

22h55 – Como seria se eu deixasse tudo isso escrito e pulasse pela janela? Pareceria uma piada? É, não era pra ser.

22h57 – Com os olhos marejados, desisto de tentar manter o autocontrole e surto: “Tem alguém me ouvindo? Cristiane? Alô? Pelo amor de Deus, alguém fala comigo? Tomara que tudo isso esteja sendo gravado, isso é criminoso, eu estou há duas horas no telefone, estou passando mal, por favor, alguém responde!!”


Silêncio. Me humilhei e implorei por uma resposta, nem que fosse um “só mais um momento”, mas a resposta não veio.


23h – A consultora morreu? Eu morri? Gritar não vale, morrer não adianta;

23h07 – A ligação cai.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Reflexões acerca da vida na era dos ansiolíticos

Na instabilidade de dias não medicados é que entro em contato com as águas profundas, um mergulho infinito sem ar sem morte sem chão. Vir a ser água, é isso e sempre foi. No sem fundo é que as idéias dançam, as cores se misturam, formam-se aquarelas de luzes inimagináveis para quem observa as águas da superfície. A estabilidade não me deixa des-esperar, mas aquieta as palavrasafetosconfusões numa pose, é isso? As palavras ficam tão em paz que não têm vontade de tirar umas as outras para dançar. E eu fico achando que estou em paz, mas estou meio morta. Havia uma pergunta, mas eu transformei em conclusão.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

segue o teu destino

Feriado escrevendo dissertação dá nisso...a pessoa (sem trocadilhos) fica pensativa, filosofando, sobrevoando poemas para não perder o contato com o essencial. Aí me lembrei desse poema belíssimo do Fernando Pessoa enquanto Ricardo Reis. Quem me apresentou foi a querida Cristina Carvalhedo, enfatizando com aquela serenidade que só ela: o resto é a sombra de árvores alheias...



Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.

A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós p
róprios

Suave é viver só
Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente.
Deixa a dor nas aras
Como ex-voto aos deuses.

quarta-feira, 31 de março de 2010

lições de anatomia

Descobrindo, na prática, que raiva dói bem no estômago. Dá para saber direitinho: é como um soco, um vulcão, um incêndio a querer ultrapassar paredes.

Essa outra dor, não. Dói bem no coração, no tal lado esquerdo do peito, e é um nó. Um sufocamento, uma asfixia.

Tudo são infinitos contidos, de qualquer forma. Contenção. Com tensão.

milágrimas

mas se apesar de banal
chorar for inevitável
sinta o gosto do sal
gota a gota, uma a uma
duas, três, dez, cem mil lágrimas, sinta o milagre
a cada milágrimas sai um milagre.


milágrimas, de itamar assumpção e alice ruiz

quinta-feira, 25 de março de 2010

zingarina en la strada II

Acabo de descobrir pelo Google que existe uma "Via Zingarina" em Rimini, cidade do Fellini na Itália. Só posso crer que todos os caminhos bonitos convergem. Ou sou eu que os reuno, a beleza por minha conta? Pode não dizer nada para a maioria das pessoas, mas diz tudo para mim. Meu mural de coincidências felizes.

and so castles made of sand

melt into the sea, eventually.

segunda-feira, 22 de março de 2010

oxalá o passo não esmoreça

Nada mais oportuno para os últimos dias do que ouvir repetidamente Oxalá, do Madredeus, uma das músicas mais lindas na minha opinião. Que o passo não esmoreça, que o carnaval aconteça, que a vida me corra bem. Essa é minha oração.

Além de ser minha trilha sonora para não entregar os pontos, é também uma homenagem ao Paulo Miranda, leitor do Poema Lunar desde Portugal :) Que bom saber que tenho um leitor d´além-mar! Fiquei feliz, e essas pequenas alegrias vão me recompondo. Obrigada, Paulo, pelo sorriso de hoje.



sábado, 20 de março de 2010

retrato

Um estranho passou por mim ontem, me olhou e disse:

- Ô, moça, você tá numa tristeza de dar dor...posso ajudar?

Em seguida, outro estranho passou por mim, perguntou se eu estava bem e me comprou uma água.

Acho que a tristeza estava estampada na minha cara. A desilusão com as pessoas devia estar reluzindo nas minhas lágrimas. Eu só acredito na espécie humana por conta de seres como esses, desconhecidos, que pararam diante da minha dor. E por conta dos meus amigos. Pelo resto, eu não acredito, não.

Ameaças, gritos, grosserias, chantagens, coação... nada disso me derruba, nem nunca vai me derrubar. Cada um colhe o que planta, e um dia a vida apresenta a conta. Hoje isso é tudo o que eu tenho a dizer. Não me sobra energia para mais nada.

Vou cuidar da minha decepção, em silêncio, longe dos berros dos últimos dias. E tentar tirar da cabeça (do coração, da memória, do corpo, enfim) o registro de uma agressão psicológica tão tosca quanto a que eu sofri na quinta-feira. Que esse dia suma da minha vida, amém.

quarta-feira, 17 de março de 2010

zingarina en la strada

Jorge Macchi, Swimming Pool, 2008, lápis sobre papel.


Metas culturais para esse ano (especificamente para a vida pós-mestrado):

- Conhecer Inhotim. Ver tudo, especialmente o trabalho do Jorge Macchi de perto;
- Bienal de SP, apesar de estar uma coisa meio "assim assim" ultimamente...;
- Début na Flip, porque é uma questão moral, né?

Acho que está muito ambicioso, considerando que já estourei minhas férias do ano para escrever dissertação (afe!), mas não custa acreditar. Qué lindo que es soñar! Soñar no cuesta nada...

É que tem tanto tempo que nem ao cinema eu consigo ir...ai! Mas por esses dias tem Moby e Franz Ferdinand em Brasília, então comecemos por essas saídas menos megalomaníacas :)

P.S.: e a GNews passando um especial sobre Inhotim e os "Nove Novos Destinos". E eu querendo me teletransportar agora para o continente/nuvem da Rivane Neuenschwander...

quinta-feira, 11 de março de 2010

Teletransporte

Entrei no youtube para procurar alguma música do Velvet Underground, deu vontade de ouvir algo nas cores de sunday morning, e repetir: and i am falling...and i am falling...and i am falling and it never stops. Moody numa quinta à noite.

Aí encontrei um vídeo em destaque sobre Sorrento, cidade da Itália que conheci aos cinco anos. Foi meu sol nesta noite. Percebi que minha lembrança mora completamente ali, no azul do mediterrâneo. De volta ao hotel de fachada elegante, descendo pela longa escada central de tapete de veludo, sentada no restaurante enquanto observava os adultos bebendo vinho e comendo pasta, primeiros exercícios de people watcher

Revisitei também o parque de diversões no meio da rua, com os elefantinhos em carrossel que giravam e giravam e giravam, vermelhos. Ou seria o meu agasalho vermelho que girava junto comigo e com os elefantes? Havia também o mar. Infinito. Calçadas brancas, paredes brancas, e alguma coisa de dourado. E o barco para a ilha de Capri, os reflexos na Grotta Azzurra, acho que um dos lugares mais lindos em que já estive. A gruta azul era pequenininha e guardava um segredo meu. Cochichei e ela me devolveu um silêncio. Agora ela guarda para sempre o eco da minha voz de criança. 

sunday morning virou todo um dia ensolarado no mediterrâneo. E eu fui dormir mais leve.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

don de fluir

Quando estamos guiados pelo Aberto, as coisas fluem com uma força impressionante: tudo parece mais genuíno, mais profundo.

No fim de semana, fui pega de surpresa pela confirmação de que poderia entrevistar, mesmo que por telefone, o diretor Luiz Fernando Carvalho, "objeto" (odeio essa palavra) da minha pesquisa de mestrado. Foi assim: recebi a resposta de que poderia entrevistá-lo no mesmo dia em que a entrevista deveria acontecer. Eu, caórdica como sempre, fiquei oscilando entre a euforia de algo não programado e o desespero por não poder controlar tudo: não tinha lido e relido e trilido todas as perguntas que gostaria de fazer, não tinha me preparado psicologicamente para o dia tão esperado, não tinha planejado o que diria - não tinha simplesmente feito nada de especial. 

Resolvi apostar no caos. Seria uma insensibilidade dispensar essa imagem nesse momento, logo ela que é tão central na minha dissertação. Ainda assim, comecei a conversa querendo controlar, estabelecer metodologias, regras para a nossa própria entrevista, que se daria em partes. Mas não fico frustada por isso, não. A passagem de um estado a outro nunca é tão rápida assim - estamos falando de uma vida em que lido constantemente com as polaridades entre controle e descontrole. Mas não é assim o universo? Devem ser ecos da minha porção do cosmos, eu e meus big bangs particulares.

A conversa foi ótima, como eu supunha, e esclareceu pontos importantes para a minha jornada (na academia e fora dela, porque as coisas nunca se separam, acredito).

De quebra, fui apresentada a essa lindeza aqui: Maya Plisetskaya em sua leitura de Carmen. Don de fluir...



quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

drexleando, pra poder seguir sin perder la ternura

sobre todo creo que no todo está perdido
tanta lágrima, tanta lágrima, y yo soy un vaso vacío

oigo una voz que me llama, casi un suspiro
- rema, rema, rema...!

creo que he visto una luz al otro lado del río.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

i scream, you scream, we all scream (not for ice cream)


A verdade é que eu estou descrente. Cansada e descrente. Desanimada, até. Cansada da falta de senso de alteridade das pessoas. Cansada de lidar com gente que projeta tudo no outro, despeja seus vazios, lança sobre você aquilo que não consegue olhar sobre si. No fim, é tudo um jogo de espelhos mesmo. E eu perdida entre reflexos. Estamos no mês de fevereiro de um ano que mal começou e eu estou diante de todos os meus maiores defeitos. É que, se me lançam frases ou acusações ou qualquer distorção, eu abraço. O outro diz: "é!". E eu penso: "será que sou?", e sigo ensimesmada pensando que sim, há sempre um ponto de razão na fala do outro, mesmo que seja a razão do outro. E a minha razão, quem vê?

Pensei em uma situação específica que me chateia, mas logo vieram outras coisas acumuladas. Estou cansada desse papel que assumi sabe-se lá quando e por que conveniência. Cansada de ser legal, doce, compreensiva, justa. Na minha tentativa de compreender a tudo e a todos, tantas vezes acabo traindo a mim mesma, meu desejo, meu grito. Lembro de uma imagem que deve ter me ocorrido em algum sonho, acordada ou não: eu, uma grande tartaruga de cascos firmes; sólida, constante, carregando nas costas outras tartarugas menores de outras consistências.

Eu poderia apenas balançar e literalmente jogar todo mundo para o alto. Mas eu carrego. Eu agüento. Essa é a mensagem que passo aos outros, sem nem perceber: ok, tudo bem, não estou confortável, mas eu agüento. Esse casco duro, constante e firme é uma herança familiar, traço de uma linhagem de mulheres que respiram fundo e dão mais um passo. Resistem. Talvez lá sob o sol do sertão de antigamente isso fizesse mais sentido. Hoje, me dói e é o instantâneo que as pessoas têm de mim. Minha polaroid.

Tudo isso era para dizer que eu estou cansada. Farta de ver meu mérito ser penalizad0 com mais tarefas ou vampirizações de todo o tipo. E o pior: farta de não conseguir gritar. Deve ser por isso que eu sonho tanto que grito e a minha voz não sai. Não, não é possessão, não é a velha pisadeira me sufocando o peito enquanto durmo, e quem conhece as crenças de interior sabe do que estou falando. É pura vida. Tenho um grito tão antigo, mas tão antigo, que deve vir de muito antes daquele papel de carta lindo e bem cuidado que troquei com a vizinha por um feio e amassado, só para não desagradar. Antes até do batom importado da minha mãe que emprestei para a coleguinha do colégio, tendo como garantia um batom 24h carcomido, daqueles verdes que ficavam vermelhos na boca. É claro que a menina nunca me devolveu o meu.

Também guardei um grito quando troquei minha Barbie nova por um patins sem freio, daqueles de calçar com tênis. Quando minha mãe me repreendeu pela troca, fui até a casa da vizinha desfazer o negócio. Não tinha ninguém em casa. Eu joguei o patins pelo buraquinho do portão. No dia seguinte, era só pegar minha Barbie. É lógico que isso não aconteceu. A menina disse que a Barbie estava na casa da avó dela, em Catalão (criança também sabe mentir), e que iria trazer de volta. Esse dia nunca chegou, até que eu desisti de cobrar. Ilustrei aqui momentos da primeira infância, mas o motor permaneceu em diversos momentos da minha vida.

Na adolescência até a faculdade, me especializei em fazer boa parte dos trabalhos de grupo praticamente sozinha. Ou então em praticamente refazer as partes que o povo mandava pela metade, de qualquer jeito. E entregava os trabalhos com o nome de todo mundo, mesmo que a maioria não tivesse feito quase nada. Mas tenho consciência de que minha atitude controladora reforçava a atitude vagal dos outros, e aí ficávamos diante de uma verdadeira relação viciosa.

A figura que melhor descreve como eu me sinto agora, pensando em tudo isso, é o velho Charlie Brown. Me lembro daquele episódio do Dia das Bruxas, em que todos os garotos ganham doces e Charlie ganha sempre uma pedra. Na fila, cada um diz: "ganhei uma bala!", "ganhei doces!", e Charlie Brown diz, com uma vozinha triste: "e eu, uma pedra...".

Não quero dizer aqui que me sinto uma loser, ou que as coisas sempre dão erradas comigo. Na verdade, eu sempre soube muito bem o que queria e sempre fui atrás do meu desejo, do que fizesse sentido para mim no momento. Sei bem qual é o meu papel nisso tudo, para compor o cenário que estou traçando aqui; a medida da minha culpa. O problema é que eu não sou do tipo que se sente à vontade pegando atalhos, correndo atrás de favores, chamando a atenção para mim e pedindo que se lembrem de mim na hora das recompensas. Sou péssima em marketing pessoal. E aí eu fico que nem o Charlie Brown, a última da fila, ganhando uma pedra em vez dos doces da festa.

Eu sempre espero que meu trabalho vá ser reconhecido por si só. Sim, o trabalho é reconhecido, ainda bem. Meu perfeccionismo obsessivo-compulsivo tinha que servir afinal para alguma coisa, além de me dar gastrite e insônia. Mas reconhecer nem sempre é igual a valorizar. Às vezes tenho vontade de virar uma profissional bem relax, daquelas que vão embora assim que dá o horário, que entregam as coisas como é possível, só fazem o que é pedido e olhe lá, e não esquentam a cabeça. Quem disse que eu consigo ser assim?

Bom, passeei aqui por um bocado de situações que estão me fazendo mal nos últimos tempos. Para além do desabafo, tudo isso foi mais uma autoanálise do que qualquer outra coisa. Aprendo a cada dia com minhas limitações, obsessões e afins. Tentar mudar algumas coisas na persona é bom, mas gritar ainda é a melhor purificação. Que venha!

18 dias no Japão

Foram 18 dias de sonho e muitas caminhadas pelo Japão. Começamos por Tokyo, onde ficamos por 4 dias. A ideia era entrarmos em contato com c...