Há dois amores que nasceram simultaneamente na minha vida: a fotografia e a Luisa, minha afilhada. Luluca nasceu quando entrei na universidade, em 2002. Foi lá também que comecei a ter aulas de fotografia. Enquanto eu aprendia a perceber as nuances da luz e a operar uma câmera analógica, aprendia também muito sobre as possibilidades de amor que uma criança traz. A chegada da Luluca iluminou tudo. E essa luz foi fundamental para me ensinar a fotografar.
Lembro que eu fugia para a casa dela a cada intervalo entre as aulas. Como eu não tinha carro, ia de ônibus, com minha câmera a tiracolo. Ficava lá, observando cada gesto da minha pequena, sem pressa. Descobri assim que as boas fotografias se dão pela relação estabelecida com o objeto fotografado. Quando esse objeto se desdobra em afeto, entra na alquimia outro ingrediente que talvez, no meu caso, me mostre o caminho para o tal punctum de que fala Barthes. O que nos punge. No caso, o que me pungia era o que havia de solar no meu amor pela Luisa. A nossa cumplicidade.
Eu a fotografava e era como se eu pudesse tocar a pele dela com a câmera, acarinhar. Ela se mostrava a mim como quem estava em casa. Assim fomos experimentando, tateando, aprendendo novas linguagens juntas. Perdi as contas de quantos filmes destinei a ela. Aprendi o que era baixa velocidade ao borrar seus movimentos engatinhados. O que era profundidade de campo ao destacar seus dedos equilibrando meus anéis de adolescente hippie, os cabelos ruivos diante de uma paisagem qualquer.
Meu projeto final de fotografia, na faculdade, foi sobre a infância. Mas o que eu queria era fotografar Luisa. Eternizar cada segundo ao lado dela. Fotografar o invisível das brincadeiras que inventamos, a dona aranha subindo pela parede e sendo derrubada pela chuva forte, fotografar as primeiras palavras, as danças.
Se eu pudesse fotografar minha alma fotografando Luluca, ela seria o sol.
Porque assim é Luisa para mim.
Lembro que eu fugia para a casa dela a cada intervalo entre as aulas. Como eu não tinha carro, ia de ônibus, com minha câmera a tiracolo. Ficava lá, observando cada gesto da minha pequena, sem pressa. Descobri assim que as boas fotografias se dão pela relação estabelecida com o objeto fotografado. Quando esse objeto se desdobra em afeto, entra na alquimia outro ingrediente que talvez, no meu caso, me mostre o caminho para o tal punctum de que fala Barthes. O que nos punge. No caso, o que me pungia era o que havia de solar no meu amor pela Luisa. A nossa cumplicidade.
Eu a fotografava e era como se eu pudesse tocar a pele dela com a câmera, acarinhar. Ela se mostrava a mim como quem estava em casa. Assim fomos experimentando, tateando, aprendendo novas linguagens juntas. Perdi as contas de quantos filmes destinei a ela. Aprendi o que era baixa velocidade ao borrar seus movimentos engatinhados. O que era profundidade de campo ao destacar seus dedos equilibrando meus anéis de adolescente hippie, os cabelos ruivos diante de uma paisagem qualquer.
Meu projeto final de fotografia, na faculdade, foi sobre a infância. Mas o que eu queria era fotografar Luisa. Eternizar cada segundo ao lado dela. Fotografar o invisível das brincadeiras que inventamos, a dona aranha subindo pela parede e sendo derrubada pela chuva forte, fotografar as primeiras palavras, as danças.
Se eu pudesse fotografar minha alma fotografando Luluca, ela seria o sol.
Porque assim é Luisa para mim.