Fechada, por tempo indeterminado, para todos os tipos de balanços possíveis.
Cansada dessa correria besta, leituras fordistas em que não se consegue nem parar para ruminar o que se lê, muita informação na cachola sem tempo pra dar algum sentido ou mesmo não-sentido ao caos.
Okêi, fui eu quem procurei essa nova situação, porque eu sou uma maluca que não consegue ficar "parada" mesmo quando já tem 6.10²³ atividades. Então talvez eu devesse só respirar fundo, repetir o mantra "a vida é dura", passar a primeira marcha e caminhar mais um pouquinho. Mas eu não consigo passar de olhos fechados pelo sagrado do mundo. Diminuir essa dimensão no meu cotidiano é diminuir o que quer que se chame de "alma". E sem alma não vai, não mesmo.
O problema é que eu resisto, busco sentido, um melindre talvez, em vez de me mimetizar nas coisas que passam por mim. Falar do corpo do receptor/leitor/fruidor/ator, sentido, experiência estética por uma poética do cotidiano ao mesmo tempo em que se fala dos meios espiral do silêncio métodos de pesquisa lógica em uso reconstruída objetos discurso da perda níveis semânticos adaptação ou diálogo intertextualidades. É preciso um respiro entre tudo isso, um respiro em que se possa ter o tempo de cada imagem, em que se possa viver seus lutos, enterrar seus mortos, elaborar sua saudade, ouvir os sinais do seu corpo que não, não passa inatingível e forte por tudo.
Para tentar escutar tudo isso, ao menos aqui me permito um pouco de silêncio.
segunda-feira, 19 de maio de 2008
quarta-feira, 14 de maio de 2008
ser, imagens e escrituras
O escritor argentino Manuel Puig disse que, quando menino, seu maior desejo era ser um filme.
Fiquei com essa imagem na cabeça, movimento interessante na cabeça de uma criança encantada diante da plasticidade do "real" na tela.
Ser um filme, eterna passagem congelada do tempo.
Fiquei com essa imagem na cabeça, movimento interessante na cabeça de uma criança encantada diante da plasticidade do "real" na tela.
Ser um filme, eterna passagem congelada do tempo.
terça-feira, 6 de maio de 2008
são paulo, meu amor
De nenhuma viagem se volta.
Estamos sempre voltando para casa.
De uma cidade, não aproveitamos as suas sete ou setenta maravilhas, mas a resposta que dá às nossas perguntas.
Misturo imagens de Juarroz, Heidegger, Raduan Nassar, Calvino. Já nem sei quanto de um existe no outro, tanto...! Voltei de São Paulo ontem, uma curta estada de quatro dias, e transito agora em todos esses quadros. Eterno retorno. Sei que, dessa vez, trouxe a cidade em mim, já me fiz um pouco daquela dureza. Transformo minha linguagem pela transformação das paisagens em mim? Transformo as paisagens pelo meu novo olhar, desencantado para que nasça outro encanto?
Muitas perguntas me ocorreram durante as caminhadas em ruas cinza, chuva, frio, multiplicidade de direções. Porque a placa dentro do metrô, com o itinerário do trem, dessa vez me foi só a placa dentro do metrô. A camada de algum sentido sobreposto a ela pela minha euforia simplesmente não estava mais lá. A estação era uma estação, as ruas eram ruas com a necessidade de uma escolha de caminho, até as distâncias pareceram menores. Me senti como alguém que volta a um lugar da infância e percebe como tudo é menor do que na memória.
É que eu me misturei a São Paulo. Pela primeira vez me vi feita de concreto, chuva, frio, toda a minha ânsia de me impregnar da cidade materializada no meu caminhar sereno. Recebi uma carta em envelope laranjado um dia antes de partir. Meu encanto de quem se vê diante do infinito, ingênuo e apaixonado até, ficou em algum lugar da linha vermelha. Eu precisava entender que a vida também é feita de som e de fúria. Nesse lapso de tempo do envelope laranja, carrego em mim talvez aquilo que buscava de forma tão desajeitada, sem saber. Mas continuo voltando para casa. E, como diz Juarroz, mudando minhas palavras pela roda das mutações.
Estamos sempre voltando para casa.
De uma cidade, não aproveitamos as suas sete ou setenta maravilhas, mas a resposta que dá às nossas perguntas.
Misturo imagens de Juarroz, Heidegger, Raduan Nassar, Calvino. Já nem sei quanto de um existe no outro, tanto...! Voltei de São Paulo ontem, uma curta estada de quatro dias, e transito agora em todos esses quadros. Eterno retorno. Sei que, dessa vez, trouxe a cidade em mim, já me fiz um pouco daquela dureza. Transformo minha linguagem pela transformação das paisagens em mim? Transformo as paisagens pelo meu novo olhar, desencantado para que nasça outro encanto?
Muitas perguntas me ocorreram durante as caminhadas em ruas cinza, chuva, frio, multiplicidade de direções. Porque a placa dentro do metrô, com o itinerário do trem, dessa vez me foi só a placa dentro do metrô. A camada de algum sentido sobreposto a ela pela minha euforia simplesmente não estava mais lá. A estação era uma estação, as ruas eram ruas com a necessidade de uma escolha de caminho, até as distâncias pareceram menores. Me senti como alguém que volta a um lugar da infância e percebe como tudo é menor do que na memória.
É que eu me misturei a São Paulo. Pela primeira vez me vi feita de concreto, chuva, frio, toda a minha ânsia de me impregnar da cidade materializada no meu caminhar sereno. Recebi uma carta em envelope laranjado um dia antes de partir. Meu encanto de quem se vê diante do infinito, ingênuo e apaixonado até, ficou em algum lugar da linha vermelha. Eu precisava entender que a vida também é feita de som e de fúria. Nesse lapso de tempo do envelope laranja, carrego em mim talvez aquilo que buscava de forma tão desajeitada, sem saber. Mas continuo voltando para casa. E, como diz Juarroz, mudando minhas palavras pela roda das mutações.
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