A ópera foi linda em todos os sentidos: cenário, música, história, envolvimento dos cantores-atores...linda mesmo. E o Aristótenis me emocionou muito. Muito bonito ver a dedicação dele à música. Para contextualizar: ele é médico, gastro e cirurgião especializado em redução de estômago. Tem verdadeira paixão pela medicina. É capaz de discorrer por longos minutos sobre a beleza da medicina, numa mesa de café. Acho curiosa a poética que vem daí: Aristótenis soma a essa paixão o gosto pela música. É um ótimo violinista e também estuda canto lírico. Um tenor que maneja um bisturi com a mesma poética de um arco de violino, embora os movimentos peçam forças e estados de espírito diferentes. Há algo que conecta essas atividades, para ele. E só ele sabe o caminho. Que é bonito de se ver, ah, isso é! Inspirador! Ah, esqueci de falar que ele é casado com minha amiga do coração, a Moema. Isso também faz dele mais bonito :) Sabe aquela canção que diz "seu olhar melhora o meu"? Então. Embora eles sejam aparentemente bastante diferentes, a arte os conecta e é a forma deles aprofundarem o contato com a saúde/vida (ela é psicóloga, artista plástica e amante dos cafés e aromas e memórias).
Bom, essa aqui foi minha declaração de afeto a eles.
E o registro de uma noite especialmente bonita, mesmo. Deveria haver mais óperas em Brasília. Não só dentro de um festival que acontece com sei lá qual frequencia. Onde esses cantores maravilhosos todos e esses instrumentistas ficam o ano todo? Que palco os acolhe? Fiquei me perguntando isso a noite toda. O Teatro Nacional ficou lotado durante o festival e soube que os ingressos para os dois dias da Cavalleria chegaram a se esgotar em dez minutos. Então, há publico ou não há? Acho que o que falta é boa vontade política mesmo, investimento...aí voltamos para a grande discussão da falta de um olhar mais generoso para a cultura, de forma geral. Há vários setores que carecem de espaço - o cinema é um deles, e eu bem sei. Então vamos aos poucos fazendo a nossa parte, rompendo espaços aqui e ali, espalhando a arte de qualquer maneira, enquanto quixoteamos por dias melhores.
Um comentário:
Muito obrigado Dany! A ópera é fantástica. Junção de várias artes. Felicidade imensa participar de um evento como esse. Infelizmente os cantores/ instrumentistas ficam quixoteando o ano inteiro, vidas inteiras para fazer o que mais gostam. Alguns desistem pois têm que sobreviver. Assim como a arte de operar, a arte de tocar/cantar exige intensidades diferentes a cada momento executando frases com inicio meio e fim que formam o conjunto da obra.
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